“Mão de Vaca” Kuchar volta atrás e paga caddie mexicano que o ajudou a encerrar jejum de 5 anos

16/02/2019

Americano dera apenas 0,38% de gratificação, após ganhar US$ 1,296 milhão no Mayakoba

Ortiz e Kuchar no Mayakoba: da comemoração em campo à lambança que ganhou as redes sociais. Foto: reprodução Twitter 

por Ricardo Fonseca

Foram necessários mais de três meses após o evento, 35 dias depois que a história se tornou pública e um bombardeio sem precedentes nas redes sociais, para que Matt Kuchar se desse conta do grande erro que cometeu ao destinar apenas 0,385% do prêmio que ganhou no Mayakoba Golf Classic, no México, dia 11 de novembro, para remunerar o caddie que o ajudou a encerrar quatro anos e meio de jejum no PGA Tour.

Pior do que isso foi o comentário que foi a pá de cal na reputação de Kuchar: “US$ 5 mil em uma semana, para quem ganha US$ 200 por dia, não está bom?”, defendeu-se Kuchar, que embolsou US$ 1.296.000 pelo título e, três torneios depois, venceu novamente, no Sony Open, faturando mais US$ 1.152.000. Comentário que além de insensível soou racista com o caddie mexicano. “Kuchar foi doar o resto do dinheiro do caddie para o muro do Trump”, escreveu um torcedor, num dos posts mais comentados sobre o assunto.

“Pode ‘guardar’ o dinheiro” O caddie David “El Tucan” Ortiz, que trabalha no resort e levou a bolsa de Kuchar apenas nesse torneio, pode ser pequeno em estatura, mas é grande em caráter. Antes de tornar seu descontentamento público, tentou um acordo com Kuchar, sem sucesso. Um caddie do PGA Tour costuma levar 10% do prêmio em caso de vitória, mas Ortiz disse que em seu caso US$ 50 mil seriam uma remuneração justa. Kuchar pagou US$ 5 mil e, dois meses depois, já temendo a repercussão que o caso tomava, mandou o oferecer outros US$ 15 mil. “Ele pode guardar o dinheiro dele”, disse Ortiz, que não arredou pé dos US$ 50 mil.

E fez bem. Pressionado pelos torcedores, que o importunaram nos treinos e na rodada desta sexta-feira, quando começou para valer o Genesis Open, em Los Angeles, pelos patrocinadores e pelo próprio Mayakoba, Kuchar voltou atrás e foi obrigado a distribuir um pedido de desculpas público, distribuído pelo PGA Tour nesta sexta-feira, 15, avisando que estava pagando os outros US$ 45 mil exigidos pelo caddie, além de fazer doações para entidades beneficentes mexicanas que atuam na região onde está localizado o campo de golfe:

“Esta semana, fiz comentários fora de sintonia e insensíveis, piorando uma situação que já era ruim. Isso deu a entender que eu estava marginalizando David Ortiz e sua situação financeira, o que não era minha intenção. Eu li novamente e me retratei. Isso não é quem eu sou e nem o que quero representar. Em toda a minha carreira no Tour, eu sempre tentei mostrar respeito e positividade. Nessa situação, não cumpri esses valores ou as expectativas que estabeleci para mim. Eu coloquei a mim mesmo, minha família, meus parceiros e aqueles que estão perto de mim, e também o David, para baixo. Eu planejo ligar para David hoje à noite, algo que já deveria ter feito, para pedir desculpas pela situação em que ele foi colocado, e me certificar que ele receba o total que ele pediu.”

“Eu nunca quis levar nada de ruim para o Mayakoba Golf Classic. Eu sinto que é meu dever representar bem o torneio, então estou fazendo uma doação em retribuição ao evento para ser distribuída às muitas causas filantrópicas que trabalham para impactar positivamente as comunidades de Playa del Carmen e Cancun.”

“Para os meus fãs, assim como para os fãs do golfe, eu quero pedir desculpas a vocês por não ter representado os valores intrínsecos a este incrível esporte. O golfe é um jogo onde nós aplicamos penalidades em nós mesmos. Eu deveria ter feito isso há muito tempo e não deixar que essa situação aumentasse.”

Mal assessorado, Kuchar levou tempo demais para reagir. Diferentemente de Sergio Garcia, que desclassificado no Arábia Saudita, após danificar propositalmente dois greens, num “piti”, desculpou-se no dia seguinte de forma enfática, o que o ajudou a escapar de uma suspensão. Ainda assim, seu ataque de nervos não deixou o noticiário até o assunto ser suplantado pelo de Kuchar. A nódoa que ficou na reputação de Kuchar vai esmaecer, mas era desnecessária e volta e meia será lembrada.

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