12/08/2021
Circuitos menores serão beneficiados. Total de golfistas no OWGR passará de 1881 para mais de 5 mil
Maior mudança no sistema de distribuição pontos e cálculo do ranking mundial em quase quatro décadas estará totalmente em vigor nos Jogos de Paris 2024
por | Ricardo Fonseca
O ranking mundial de golfe (OWGR), que é calculado com base em resultados de 23 circuitos profissionais ao redor do mundo, vai passar por uma de suas mais radicais mudanças desde que entrou em vigor, a partir do Masters de 1986. Anunciadas esta semana, as mudanças começaram a valer dentro de um ano, com os torneios jogados na semana que se inicia em 8 de agosto de 2022. Assim, o primeiro novo ranking será divulgado no dia 14 de agosto. Os dois sistemas de pontos coexistirão a partir daí por 24 meses. A cada semana a forma de cálculo atual perderá peso, enquanto a nova ganhará mais importância na classificação.
O OWGR é e continuará sendo calculado com base nos resultados ponderados dos últimos 24 meses. Assim, a cada semana e durante os dois anos seguintes, o OWGR vai refletir uma mescla do atual cálculo de pontos, com o do novo formato. Em agosto de 2023, cada sistema de pontuação estará contribuindo com metade do cálculo de pontos, até que, em agosto de 2024, o OWGR já estará sendo totalmente calculado pelo novo método.
Pontuação – O novo OWGR mudará totalmente a forma como o “valor” de cada jogador é calculado. Assim muda também o cálculo do “valor” do torneio e quantos pontos para o ranking mundial cada evento distribuirá. Uma importante novidade é que, ao contrário do sistema atual, que dá pontos para poucos jogadores, a partir de agosto de 2023, todos os jogadores que passarem o corte num torneio oficial receberão pontos para o OWGR. No PGA Tour Latinoamérica, por exemplo, que hoje dá pontos apenas para os seis primeiros e empatados, todos os 50 e empatados que passarem o corte, pontuarão.
Apenas esta mudança vai fazer com que o total de jogadores com pontos ativos no OWGR passe dos 1881 desta semana, para mais de 5 mil, valorizando sobretudo os pequenos circuitos, que são a maioria dos que integram o OWGR. O Brasil, que hoje tem apenas três jogadores com pontos ativos no OWGR – Adilson da Silva, Alexandre Rocha e Rodrigo Lee -, passaria a ter pelo menos 11, com a inclusão de Rafael Becker, que joga e passou vários cortes no PGA Tour LA, além de Felipe Navarro, Odair Lima, Ronaldo Francisco, Gustavo Teodoro, Rafael Barcellos, Herik Machado e Axell dos Santos, que passaram os cortes nos últimos torneios do PGA Tour LA realizados no Brasil, em 2019.
Tacadas Ganhas – Hoje o OWGR calcula a “força” de cada torneio pelo que chama de Strength of Field (SoF), que nada mais é do que a soma de pontos atribuído a cada participante, com base em sua posição no ranking mundial (o nº 1 vale 45 pontos, o nº 2, 37 pontos; o nº 3, 32 pontos, e assim por diante até os classificados do 101º ao 200º lugar do OWGR, que valem um ponto cada). Quanto mais jogadores entre os Top 200 do ranking, mais pontos o torneio distribui para o OWGR. Isso vai mudar radicalmente.
Quem acompanha as estatísticas do PGA Tour já está acostumado ao cálculo de “tacadas ganhas” (Strokes Gained), que calcula o desempenho de cada jogador com base na média do que o restante dos golfistas consegue a cada rodada. Isto é, o quanto o jogador se desvia da média, algo que leva em consideração a dificuldade do campo naquele dia, inclusive por fatores climáticos. Apesar do termo “tacadas ganhas”, esse valor pode ser negativo, se o desempenho do jogador for pior do que o da média.
O cálculo de tacadas ganhas no PGA Tour é muito mais sofisticado, pois se baseia no desempenho em cada fundamento do jogo, as tacadas ganhas a partir do tee, as tacadas ganhas nos tiros para os greens, as tacadas ganhas em volta do green e as tacadas ganhas com os putts, resultados que são complementares. Todos exigem uma equipe de estatísticos em campo e cálculos complexos. No OWGR o conceito de tacadas ganhas será mais simples, pois aplicável somente pelos resultados em mão, apenas o quanto um jogador foi melhor ou pior que a média de tacadas naquele torneio, naquele dia.
SG Word Rating – O SGWR de cada jogador será calculado com base nos resultados ponderados dos dois últimos anos, com ênfase nas semanas mais recentes. Só para se ter uma ideia, num período de 104 semanas (dois anos) são jogadas aproximadamente 2.800 rodadas válidas para o OWGR, com 8.600 jogadores colocando 250 mil resultados no sistema. Isso, acreditam os dirigentes do OWGR, dá uma base de dados ampla o suficiente para fazer com que o SGWR seja um método de comparação entre jogadores muito consistente.
O SGWR de cada jogador vai determinar os Pontos por Desempenho (Performance Points) que ele leva para o torneio. A soma dos Performance Points vai determinar o Field Rating, que passa a ser o novo SoF. Assim, é o Field Rating que passará a determinar, com base numa tabela, quantos pontos para o ranking mundial aquele evento vai distribuir. Os majors continuam a distribuir 100 pontos – o máximo – para o OWGR. O The Players dará sempre 80 pontos. Todos os demais torneios, incluindo os da série mundial (WGCs) terão um Field Rating variável, que pode no máximo chegar a 80 pontos.
Matemática – Segundo os dirigentes do OWGR, com o novo sistema de cálculo, mais moderno e matematicamente acurado, os participantes de um torneio serão avaliados com base na habilidade de cada um dos jogadores em campo, e não mais apenas pelos Top 200 do ranking, como agora. Isso acaba como mínimo de pontos distribuídos por cada torneio, como hoje, independente do circuito ou do tipo do evento, tanto fazendo se ele integra a temporada regular ou se é o principal evento daquele tour.
Os dirigentes do OWGR são o PGA Tour, European Tour, Asian Tour, PGA Tour of Australasia, Japan Golf Tour e Sunshine Tour. Os demais circuitos oficiais são Abema TV Tour, China Tour, All Thailand Golf Tour, EuroPro Tour, Alps Tour Golf, European Challenge Tour, Asian Development Tour, PGA Tour Latinoamerica, ProGolf Tour, Professional Golf Tour of India, Korn Ferry Tour, Big Easy Tour, KPGA Korean Tour, MENA Golf Tour, Nordic Golf League, PGA Tour Canada e PGA Tour China Series.
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